Flor Símbolo de Santa Catarina: Laelia purpurata
A Laelia purpurata, já era conhecida, mesmo antes da sua descrição. Tanto é verdade que no livro Voyages pittoresques au Brésil de 1835, a mesma aparece em algumas gravuras/ilustrações botânicas realizadas pelo pintor e ilustrador botânico Maurice Rugendanz.
Mas a sua descoberta para a ciência aconteceu em 1847 por François Devos no litoral da então Província Imperial de Santa Catarina, hoje, o município de Florianópolis.
Floriu pela primeira vez, fora do seu habitat natural (Brasil) em 1852, nas Estufas da firma James Backhouse and Sons em York, na Inglaterra. Naquele mesmo ano, no mês de junho foi exibida à Royal Horticulture Society em Londres, proporcionando desta maneira o seu estudo sua descrição e a sua classificação pelo famoso botânico John Lindley. O exemplar observado por ele e que o orientou na classificação e descrição foi uma Laelia purpurata com sépalas e pétalas quase brancas.
A Publicação destes estudos e, principalmente, a descrição da Laelia purpurata, foi realizada pelo Jardineiro e Arquiteto Joseph Paxon, na obra Paxton’s Flower Garden 3: 111-112, tab. 96, no ano 1852.
Estes fatos resultaram na coleta de grandes quantidades da Laelia purpurata em todo litoral de Santa Catarina, principalmente na Ilha de Santa Catarina e despachadas pelo Porto para as firmas M. Verschaffelt, em Ghent, na Bélgica, bem como para o Mijnheer Brys de Bornhem, junto a Antuérpia. A partir daí a planta se espalhou por inúmeras coleções de orquídeas existentes na Europa continental e na Inglaterra.
Independentemente de sua identidade cientifica como Laelia purpurata, ela é conhecida por todos como “parasita” e “bainha de faca”, numa alusão a folha e espata floral da planta, que se assemelha a uma capa ou estojo de proteção para facas.
Reconhecida nacional e internacionalmente como “Rainha das Orquídeas do Sul do Brasil”, “Rainhas das Laelias”, “Rainhas das Florestas Litorâneas”, “Rainha das Selvas do Brasil Meridional” e “Rainha das Orquídeas do Brasil”.
Um fato de sublime exaltação aconteceu em 1942, proporcionado pelo saudoso orquidófilo Sr. Campolino Jacinto Alves, um dos fundadores da Sociedade de Amadores de Orquídeas de Florianópolis, expondo centenas de flores da Laelia purpurata no andor da Padroeira do Estado de Santa Catarina – Nossa Senhora de Santa Catarina, reverenciada através de monumental procissão pelas ruas de Florianópolis.
Laelia purpurata é:
Flor emblemática do Herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí, Santa Catarina, desde 22 de junho de 1942.
Em 06 novembro de 1973, o cônego Raulino Reitz, na época Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, envia sob a forma de telegrama a proposta a Assembleia Legislativa de Santa Catarina, de tornar a Laelia purpurata a Flor Simbolo do Estado de Santa Catarina.
Mas somente em 21 de julho de 1983, através da Lei Estadual nº 6.255 ela torna-se um dos símbolos oficiais do Estado de Santa Catarina, neste caso a sua Flor Símbolo.
Foi de fundamental importância o empenho da Associação Brusquense de Orquidófilos e Amadores de Plantas Ornamentais – ABAPO, atráves da influência e sabedoria do seu presidente, Padre Vito Schlickman e do Sr. Armando E. Polli para que a mesma viesse a ser conduzida ao status de simbolo do Estado de Santa Catarina.
O Decreto Estadual nº 20.829, de 13 de dezembro de 1983, Identifica o taxon “Laelia purpurata Lindley variedade purpurata” é adotada, oficialmente, como a Flor Símbolo do Estado de Santa Catarina, tendo a seguinte descrição botânica:
Flor ampla, bem projetada, com pedicelo curto, apresentando peças florais vistosas.
Sépalas quase brancas, levemente róseas, pouco carnosas, convexas, atenuadas na parte inferior, com numerosas e finíssimas nervuras, entre si mais ou menos do mesmo comprimento, de forma oblongo-lanceolada, agudas e com as margens enroladas e levemente onduladas, com 8-10 cm de comprimento e 1,5 a 2,5 cm de largura; as duas sépalas laterais são pouco falciformes.
Pétalas quase brancas, levemente róseas, pouco membranosas, oblongo-ovóides, com ápice obtuso e margens mais ou menos enroladas, onduladas e crespas, nervuras delgadíssimas e muito ramificadas, com o mesmo comprimento da sépala dorsal, porém duas vezes mais largas, 8 a 10 cm de comprimento e 3 a 5 cm de largura.
Labelo ereto pouco coriáceo e um pouco mais curto que as sépalas laterais, 7 a 8,5cm de comprimento, 6 a 7 cm de largura, até a sua base completamente livre, de formato longamente ovóide-elíptico, leve e indistintamente trilobado, na sua parte inferior fortemente rígido, ereto ou inclinado e bastante recurvado na ponta; base mais ou menos recortada saindo dela inúmeras nervurazinhas finíssimas e muito ramificadas; face entre os dois lobos muito larga, os dois lobos laterais também largos, semelhantes à forma de uma espiga bem arredondada com margem ondulada e convoluta, envolvendo inteiramente a coluna; lobo frontal levemente projetado para a frente, bem largo, com um leve bordo na ponta rodeada duma margem ondulada e crespa, de cor purpúrea, com venulação atropurpúrea; ápice frontal um pouco mais claro; fauce amarelo-dourada com intensas linhas purpúreas; disco completamente liso e graciosamente estriado.
Coluna ereta, robusta, um pouco comprida em forma de unha e pouco encurvada, triangular, na parte inferior fortemente atenuada, na parte da frente côncava, de cor branco-esverdeada, de 2 a 2,5 cm de comprimento.